terça-feira, 16 de setembro de 2014

Clarice

ATO I - Era uma vez uma marionete chamada C
larice.
Ela vivia em seu mundo com os olhos fechados e o coração aberto. Todos eram seus amigos e tudo sempre estava bem. Todos se abriam com ela e ela dava todo o amor, carinho e conselhos possíveis que ela podia dar; ela dava toda a sua energia a eles, os ''amigos''.
ATO II - Será que eram amigos mesmo? Será que eles a mereciam? Quem estava de fora da situação tentava a alertar, até mesmo quem estava DE FORA conseguia ver o que os olhos dela se negavam. Afinal, nem todo mundo é cego; e quem é, não é por muito tempo. Ela também não gostava de falar muito dos problemas dela, sabe como é, ''Todo mundo já tem tantos, pra que os ocupar com os meus?'' ela bem dizia.. Mas com o tempo, foi percebendo que a vida não era simples assim. Ela sempre se dizia entender muito da vida, sempre estava ali para todos, só que o que ela não sabia, é que ela não era um projeto de psicolga, e sim alguém que queria ajudar, mas não via retorno e também não reclamava, pois vivia de olhos fechados. O problema era, será que essas pessoas também eram seus amigos? Amigo não é quem vai a festas com você, amigo não é quem quer que você esqueça suas magoas sem ao menos lhe confortar com um abraço, ou algumas palavras, a maioria delas clichês hoje em dia; mas, pelo menos, fizeram o papel de amigo. Mal sabia ela que eles eram apenas pessoas que estavam acomodados com ela desse jeito; ela nunca fora uma menina mimada, mas mimou as pessoas ao seu redor. Acho que pelo fato dos pais dela sempre terem trabalhado muito, sido de certo modo um pouco ausentes e afastados dela, todo o carinho que de certa forma ela não recebia e queria, ela dava do jeito dela para os outros. Pobre Clarice... Pobre? Não era dó que ela queria que tivessem dela. Mas, ela era digna de tal.
ATO III - Um belo dia, Clarice resolve abrir seus olhos. Sua alma estava cansada, pesada, carregada, cheia de problemas seus e dos outros, carregava-o-mundo-nas-costas. Ela cansou de obedecer os outros, cansou de viver para agradar quem não a agradava, cansou de fingir aceitar atitudes, cansou de ser uma pessoa cega e muda para seus problemas. Resolveu gritar para o mundo que ela também tinha sentimentos, que as pessoas também magoavam ela. Pobre deles, não sabem quem perderam. Clarice, com tanto amor para dar... o sugaram dela, mas quem disse que ela não o reconquistará? Com o tempo tudo voltará ao seu lugar, mas o que realmente a conforta, é que a alma dela não é pequena. Ela sabe reconhecer que esse tempo todo foi manipulada pelos outros, por pessoas mimadas por ela. Sabe reconhecer que não foi mulher o bastante para assumir que precisava de ajuda. Não teve coragem o bastante para se impor diante do mundo. Mas agora, os tempos eram outros.. Clarice era outra. Clarice descobriu que tinha vida e não precisa dos outros para tomar suas atitudes e para viver. Clarice descobriu que não era mais uma marionete; ela finalmente se libertou.

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